O governo Obama está dando prosseguimento aos planos de financiar os grupos que apoiam os dissidentes iranianos, como mostram documentos e entrevistas, mantendo um programa que se tornou controverso quando foi expandido pelo presidente Bush.
A Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (Usaid, na sigla em inglês), que responde à secretaria de Estado, tem solicitado ao longo do último ano pretendentes aos US$ 20 milhões em verbas para "promoção da democracia, direitos humanos e a regra da lei no Irã", segundo documentos no site da agência. O prazo final para o requerimento da verba é 30 de junho.
Os esforços americanos para apoiar os grupos de oposição iranianos foram criticados como tentativas veladas de promover a "mudança do regime", disse Trita Parsi, do Conselho Nacional Americano-Iraniano. A verba permite que os líderes do Irã pintem os oponentes como instrumentos dos americanos, ele disse.
Apesar do governo Obama não ter buscado a continuidade de verbas específicas ao Irã no orçamento de 2010, ele deseja um aumento de US$ 15 milhões para a Iniciativa Regional para Democracia no Oriente Próximo, que tem metas semelhantes, mas não especifica os países envolvidos. Parte do dinheiro será voltado ao Irã, disse David Carle, um porta-voz do subcomitê orçamentário que supervisiona as relações exteriores.
"Parte dela visa expandir o acesso à informação e comunicações pela Internet para os iranianos", ele disse.
O presidente Obama disse nesta semana que os Estados Unidos "não estão interferindo nos assuntos do Irã", rejeitando as acusações de interferência, que foram renovadas na quinta-feira pelo presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.
Ao ser perguntado como as iniciativas para promoção da democracia se enquadram na declaração do presidente, o porta-voz da Casa Branca, Tommy Vietor, disse: "Os Estados Unidos não financiam qualquer movimento, facção ou partido político no Irã. Nós apoiamos... princípios universais de direitos humanos, liberdade de expressão e regra da lei".
O programa de Bush "foi uma idéia horrível", disse Parsi. "Ele transformou em alvos os ativistas de direitos humanos e organizações não-governamentais."
Nem tanto, disse David Denehy, o ex-consultor político republicano e funcionário do Departamento de Estado que supervisionava os gastos. "Nossos programas enviaram a mensagem ao povo do Irã de que apoiávamos seus pedidos de liberdade pessoal", ele disse.
O Departamento de Estado e a Usaid se recusaram a apontar os recebedores da verba destinada ao Irã por motivos de segurança.
Após a então secretária de Estado, Condoleezza Rice, ter anunciado a expansão do programa em 2006 - o Congresso aprovou US$ 66 milhões - o governo iraniano prendeu ativistas e fechou organizações. Vários dissidentes iranianos, incluindo um ex-preso político, Akbar Ganji, condenaram o financiamento americano.
Grande parte do dinheiro provavelmente não chegou ao Irã, mas sim a grupos sediados em Washington, disse Suzanne Maloney, da Instituição Brookings. Os Estados Unidos carecem de entendimento para influenciar a política interna do Irã, ela disse.
Fonte: Usa Today/Ken Dilanian
Tradução: George El Khouri Andolfato